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SINDICATO DOS TÉCNICOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO ESTADO DE SÃO PAULO


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14/07/2017

Onde os rios se encontram na área da prevenção


 

Se é que um dia queremos de verdade chegar a uma sociedade melhor,
certamente não o faremos cometendo os mesmos erros que fazemos há muito
tempo. Muitas vezes as pessoas acham que para mudar alguma coisa é
preciso fazer mais, mas a experiência nos mostra que isso nem sempre é
verdade, para mudar alguma coisa é preciso fazer diferente.

 

Há anos a sociedade brasileira tenta lutar contra as causas dos acidentes e
doenças do trabalho e pode parecer estranho que se diga que a luta seja
contra as causas e,
talvez, essa seja a primeira mudança necessária para que alguma coisa de fato
aconteça em termos de mudanças. Acidentes e doenças ocupacionais não são
obras do acaso, nem mesmo partes obrigatórias de qualquer processo
produtivo - são fatos causados não só pela ação de uma ou mais pessoas -
mas muito especialmente pela omissão de um número bem maior de pessoas.

 

Quando mencionamos a palavra omissão muita gente pode se ofender; há
palavras que usamos no dia a dia que assumem determinados sentidos
associadas a um ou outro momento e por isso passam a ter um sentido único e
isso gera paradigmas que são sempre perigosos; omissão nada mais é do que
deixar de fazer alguma coisa. E, com certeza, hoje seguimos tendo tantos
acidentes e doenças do trabalho não por aquilo que ainda não temos, mas por
não cuidarmos de forma adequada de tudo que já foi conquistado.

 

Temos em nosso país uma das legislações voltadas para prevenção mais
detalhadas do mundo. Claro que pode, deve e será sempre melhorada e
esperamos que sempre a partir da realidade e praticidade; somos um país com
profissionais especializados em segurança e saúde do trabalho, que atuam de
forma corajosa e prestam grande serviço apesar de boa parte do tempo realizar
atividades de contenção devido a necessidade de suprir velhas exigências e,
ao mesmo tempo, elaboram programas e ações de segurança e saúde - que
sabemos tem seus problemas – mas que se fossem verificados, mais exigidos
e apoiados por aqueles que fazem o chamado controle social – permitiriam
uma evolução que salvaria muitas vidas de imediato e pouparia a saúde de um
número inestimável de trabalhadores.

 

O grande problema é que “os rios não se encontram” e muitos segmentos que
atuam na área da prevenção e, que, raramente, apoiam de forma consistente
as ações já existentes, apostam em modelos que a experiência demonstra vir
apenas ao longo do tempo não sendo mais do que teorias - e teorias não
salvam vidas, não preservam a saúde. Há uma tendência a se valorizar
experiências de outros países sem em momento algum levar em consideração
as características do nosso país e, especialmente, nossa gente.

 

Nós, que aliamos aqui a visão da técnica da prevenção com o modo de ver
sindicalista, achamos que seja importante para aquilo que de fato interessa - a
vida dos trabalhadores - que cada entidade envolvida ou com responsabilidade
sobre o assunto - faça uma ampla análise crítica quanto a sua atuação em
relação a questão. Os rios não se encontrarão enquanto ainda valorizarmos os
adicionais de insalubridade e periculosidade, enquanto, entre nós, for possível
ainda ouvir a expressão ATO INSEGURO e, muito especialmente, não
existirem interlocutores especializados nas instituições que representam os
trabalhadores. E mais do que isso, que as entidades se empenhem na
cobrança em relação a elaboração e cumprimento dos programas e ações, da
qualidade dos corpos técnicos especializados – fechando, assim, o ciclo
necessário para uma mínima prevenção.

 


Cosmo Palasio

Diretor de Ética, Cidadania e Trabalho



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