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SINDICATO DOS TÉCNICOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO ESTADO DE SÃO PAULO


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21/08/2014

A Psicologia do Trabalho à luz da Ergonomia


A mente humana é um universo ainda longe de ser totalmente conhecido. As pessoas agem de formas diferentes, possuem reações e comportamentos dos mais variados.

 

Há aqueles que conversam com as plantas, sob a premissa de que todos os seres vivos têm uma ligação entre si neste universo cósmico em que vivemos. Outros, falam com os animais, e, as reações advindas dessa comunicação são mais plausíveis e compreensivas. Nesta linha, grande parte das mães - e pais - fala com seus filhos já durante a gestação. Acredita-se que o pequeno ser, ainda em formação, sinta as vibrações magnéticas de carinho e ternura, e isto contribuirá para a sua formação, tranquilidade, e até mesmo, possa influenciar na personalidade do futuro ser. Chegará essa criança e iniciará sua vida, formando a sua personalidade em função de todos os estímulos que a cercarão, nos diversos ambientes sociais pelos quais participará. Vivenciará as relações familiares, o convívio social nas diversas fases escolares, as amizades, e chegará possivelmente, o momento em que entrará em contato com o mundo do trabalho.

 

Nesse mundo imensurável do trabalho, encontrará toda a sorte dos mais variados ambientes laborais, tanto no campo físico, como no organizacional, e no aspecto psicológico. Iniciará sua vida profissional com toda a expectativa de quem busca a solidez da carreira profissional bem sucedida, a oportunidade, o sucesso e a consequente autonomia financeira.

 


Porém, enfrentará este gigante até então desconhecido mundo do trabalho, muitas vezes, acalentador, receptivo e motivador, ou, por outras vezes, agressivo, impetuoso, mutilador e cruel, palco dos ambientes de trabalho fartamente encontrados em nosso País. Neste momento, terá de se relacionar com pessoas e equipes de diferentes níveis e personalidades, terá de seguir regras, diferentes daquelas que até então conviveu, sentirá o peso do desafio, a insatisfação, a falta de estímulo, entre outras questões. Poderá trabalhar em um ambiente inadequado, exposto a inúmeros riscos de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho. Poderá ainda, sofrer outras agressões e constrangimentos, como pressões psicológicas no trabalho, o assédio moral, difícil de ser comprovado ou mesmo denunciado, mas presente em nosso cotidiano. Poderá trabalhar em um ambiente organizacional onde os gestores despreparados apelam ao elaborarem regulamentos internos, conceitos comportamentais, procedimentos ditatoriais, e rol de penalidades impostas aos chamados infratores, esquecendo-se da reciprocidade, da reação das pessoas, do prejuízo que tais relações conflituosas podem causar. Tais gestores apelam para esses modelos retrógrados, sem atentarem para a responsabilidade das organizações, em oferecer um ambiente de trabalho digno, que provocaria o estímulo das pessoas e resultados que certamente serão transformados em vantagens organizacionais, onde todos serão recompensados.

 

 

E não falamos ainda, dos medos, do fracasso, do desemprego, dos processos seletivos, da exposição a riscos ocupacionais, e de outros tantos mais, a exemplo do receio de não cumprir as metas de produção, de vendas, entre outras. O equilíbrio das relações no ambiente de trabalho, no meu entendimento, é algo extremamente complexo, e requer muito esforço das organizações e dos seus profissionais.

 


Como promover a gestão para as pessoas - ou das pessoas - quando temos de estimular o convívio de indivíduos de diferentes personalidades, numa engrenagem comum?

 

 

Neste contexto, vislumbro, além da importância da psicologia aplicada ao trabalho - quando está se dispõe a ser parceira de fato - bem como, o trabalho conjunto, integrado e muito bem planejado de uma equipe multidisciplinar atenta a todos os aspectos inseridos no ambiente de trabalho, e que haja vontade maior dos donos do negócio.

 


Puxando a sardinha para nossa brasa, ressalto que, quando falamos na gestão de SST, estamos falando também da ergonomia, estamos no referindo a um todo. Neste sentido, lembro que, segundo a International Ergonomics Association (IEA) existem três domínios da Ergonomia que são: a Ergonomia Física, relacionada aos aspectos físicos do ambiente de trabalho, que contempla as características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica; a Ergonomia Cognitiva, que trata da abordagem dos processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio, resposta motora e seus efeitos nas interações entre as pessoas, e outros aspectos; e a Ergonomia Organizacional, que compreende a tratativa da otimização dos sistemas sóciotécnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, regras e processos, onde se inclui o projeto de trabalho como um todo, contemplando a importância da participação, da cooperação entre as pessoas e os grupos, no âmbito da cultura organizacional.

 


Sob esta ótica, questiono de que forma devemos atuar como profissionais, interferindo no ambiente de trabalho, observando, por exemplo, os preceitos da Ergonomia Cognitiva, sem nos preocuparmos com as questões comportamentais, sem o viés da sociologia e da psicologia no trabalho?

 


Lidar com pessoas, administrar conflitos, interferir na melhoria dos ambientes de trabalho, vender a ideia da melhoria ao empregador, é algo, antes de tudo, espetacular, capaz de diferenciar na qualidade, na capacidade e no desempenho dos profissionais interessados na qualidade de vida, focados na segurança e saúde do trabalhador.

 

 

Adonai Ribeiro

 

 

 

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